Informativo 1 - Evitando erros pré-analíticos
O resultado correto dos exames laboratoriais dependem do controle de três tipos de variáveis: as pré analíticas, as analíticas e as pós analíticas. A fase pré analitica consiste na preparação do paciente, na escolha do recipiente no qual a amostra será encaminhada e de que maneira esse material tem que ser armazenado até sua análise. A fase analítica corresponde à etapa de execução do teste propriamente dita. A fase pós analitica inicia-se no laboratório e envolve os processos de liberação de laudos, encerrando-se após o médico receber o resultado final, interpretá-lo e tomar sua decisão.
Quando avaliados os cuidados com a amostra na fase pré analitica, ou seja que ocorre antes do processamento, estamos nos referindo desde a seleção do exame que será realizado, como o paciente será preparado para a coleta, identificação correta do material ( nome do animal e proprietário) e acondicionamento desta amostra.
A padronização dos métodos de coleta e manuseio de amostras biológicas é a maneira com que o médico veterinário pode diminuir os erros na fase de pré analise, que são responsáveis por aproximadamente 70 % dos problemas com resultados dos exames laboratoriais.
Fatores como Jejum, exercícios e relacionados ao estado de estress e medo podem alterar a análises de química sérica e avaliação hematológica de muitos pacientes animais.
Um exemplo comum é de quando o animal é submetido a exercícios e coleta-se logo após seu sangue para análise. O hematócrito apresenta-se elevado, principalmente naqueles que apresentam maior resposta a esplenocontração. Os animais muito agitados pode também liberar epinefrina e os níveis elevados desse hormônio acarretam na elevação dos níveis séricos de glicose e alterações no leucograma, nestes casos caracteriza-se pelo aumento numérico de linfócitos e neutrófilos circulantes.
Em outras situações quando a presença de corticóides exógenos ou endógenos, na corrente sanguínea é observado frequentemente o "leucograma de estress" sendo notado neutrofilia madura com linfopenia e eosinopenia. A administração de glicocorticóides também pode alterar da mesma maneira a contagem total e diferencial. A bioquímica sérica é comprometida por aumento de enzimas dosadas para avaliação hepática como a Fosfatase Alcalina sérica ( FAS) e a Alanina amino transferase (ALT). A adminstração prolongada de corticosteóides interferem no catabolismo protéico o que pode alterar os níveis de uréia circulante.
O jejum é indicado para os principais exames, o hemograma e testes bioquímicos são exemplos comuns. O paciente deve ficar de jejum de 8 a 10 horas para que seja evitado o envio de amostras que apresentem lipemia. As amostras lipêmicas possuem níveis elevados de glicose e lipídeos. A análise dessas amostras é mais difícil, necessitando muitas vezes de diluição e provocam elevação da atividade de enzimas como a AST, Lactato desidrogenase e Bilirrubinas, além de predispor a hemólise in vitro.
Saber selecionar o local adequado para coleta, a identificação, o acondicionamento e armazento são de responsabilidade do clínico até as amostras sejam encaminhadas ao laboratório. A coleta de sangue na maioria das espécie se faz pela veia jugular por que o calibre dessa veia permite a coleta adequada em volume e qualidade da amostra. Na identificação deve sempre constar nome do proprietário, do paciente e informações que identifiquem a clínica veterinária solicitante. O tipo de anticoagulante utilizar na amostra sanguínea depende do teste que será solicitado, existem basicamente quatro tipos de anticogulantes: EDTA, heparina, fluoreto e citrato. O manuseio da amostra sanguínea deve ser cauteloso visando a prevenção de hemólise, uma vez que substâncias presentes no plasma ou soro estão presentes em maior concentração dentro das hemácias.
A conservação da amostra depende muito do tipo de análise que será realizada. A maioria dos exames devem ser conservados a temperatura de a 4-8 graus como a análise hematológica deve ser efetuada em até três horas a partir da coleta, a maioria das análise químicas são estáveis por três dias (desde que o soro seja separado), a dosagem de glicose plasmática conservada em fluoreto pode ser realizada em até 8 horas. A análise de amostras como líquidos cavitários, líquido celaforraquidiano e urina devem ser realizados o mais rápido possível, uma exceção para amostras urinárias refrigeradas e protegidas da luz que podem ser analisadas em até 6 horas.
Referência Bibliográfica
Guimarães, A. C.; Wolfart, M.; Brisolara, M. L. L.; Dani, C. O Laboratório clínico e os erros pré-analíticos. Revista Hospital de Clínica de Porto Alegre. ed 31, p.66-72, 2011.
Meyer, D. J.; Coles, E. H. Rich, L. J. Medicina Laboratorial Veterinária- Interpretação e diagnóstico. São Paulo:Roca, 1995.
Kerr, M. G. Exames Laboratoriais em Medicina Veterinária. São Paulo: Roca, 2003.
Informativo 2- Uso de Anticoagulantes
Para a preservação de uma amostra biológica de sangue se faz necessário o uso de anticoagulante específico.
- EDTA (ÁCIDO ETILENO DIAMINOTETRACÉTICO) – TUBO DE TAMPA ROXA
Este anticoagulante age neutralizando por quelação os sais de cálcio, que são fundamentais para os processos de formação do coágulo. É o anticoagulante de escolha em hematologia, pois, se usado corretamente, é o que melhor preserva as células e suas
características morfológicas.
- HEPARINA – TUBO DE TAMPA VERDE
A heparina evita a coagulação sangüínea por interferir especificamente com a conversão da protrombina em trombina. Pode ser usada em hematologia embora possa interferir um pouco com a coloração das células, em especial os leucócitos. Não é efetiva por um período superior a 1 dia. Pode ser empregada quando se pretende fazer análises hematológicas e bioquímicas em uma mesma amostra.
- CITRATO DE SÓDIO – TUBO DE TAMPA AZUL
O citrato de sódio age quelando cálcio impedindo o processo de coagulação. É empregado na conservação do sangue para as análises de fibrinogênio, tempo de protrombina ou a coagulometria completa, ou seja, ideal para estudos de coagulação.
- FLUORETO DE SÓDIO – Tubo de tampa cinza ou Tampa preta
É empregado na conservação do sangue para dosagem de glicose. Atua sobre as
hemácias inibindo o processo de glicólise, mantendo este metabólito por mais tempo “in vitro”.
Informativo 3 - Descrição macroscópica de amostra para Histopatologia
1. Identificação do material
a. Nome do paciente, espécie, raça, idade, sexo e nome do proprietário.
b. Descrever tipo de lesão observada na clínica: Úlcera, Erosão, Pápula, Nódulo ( < 2cm), Tumor (> 2cm), Vesícula, Pústula, Mácula ou Placa.
c. A quantidade de peças ou fragmentos encaminhados
d. Devem ser descritos como biópsia fragmentos de amostras (< 2cm) e peça cirúrgica quando for enviado o órgão íntegro.
2. Forma:
a. Redondo, esférico, oval, retangular, losangular, cilíndrico, cônico, papilar,
digitiforme, nodular, irregular.
3. Medida:
a. Comprimento x largura x altura, em mm ou cm
4. Coloração externa:
a. Branco, amarelo claro, amarelo-alaranjado, verde claro, verde escuro, pardo
claro, pardo escuro, preta, vermelha, laranja, café, marron.
5. Consistência:
a. Líquida, pastosa, friável, mole, cística, elástica, firme, firme-elástica,
pétrea.
6. Superfície externa ou de corte:
a. Homogênea, heterogênea, granulosa, lisa,áspera, microgranular, acrogranular, lobular, espicular, sólida, cavitária, projeçõesdigitiformes, capsuada, septada.
Cuidados para envio:
1. Acondicionar em recipientes contendo formol 10 % colocado em volume cerca de 10 vezes maior que o da peça.
2. O tamanho do recipiente deve ser compatível com o volume da peça afim de se evitar deformações.
3. Nunca o material deverá ser enviado em soro fisiológico ou água.
4. Quando encaminhado na forma de biópsia esta deve ter no máximo 2 cm para que haja fixação adequada pela formalina.
5. Caso sejam encaminhadas lâminas para avaliação citológica estas jamais deveram ser manipuladas próximo ao material encaminhado para avaliação histológica, pois a simples presença de vapores de formol deterioram o material.
Referências:
Franco, M. Patologia: processos gerais. São Paulo: Atheneu, 2010